Pivotando nos 30
Quando fiz 30 anos eu pivotei. Assim como uma startup, era minha vez de girar para uma outra direção e testar novas hipóteses estratégicas sem perder o aprendizado já adquirido. Mas não foi nada fácil. Mudar de direção sem sair do eixo requer muito equilíbrio, foco e atenção. E ainda com forças adicionais colocando mais peso em minhas decisões. Pivotar com 20 anos é uma coisa. Com 30 anos, é outra.
Quando você sai da faculdade e começa a construir sua jornada de carreira, você pode explorar. Pode testar diversas áreas de atuação, subir ou descer na remuneração em prol de experiência e crescer de forma transversal. Durante os anos 20 da minha vida, busquei de fato a maior diversidade possível de experiências, e cada uma foi enriquecedora para me desenvolver como profissional. Trabalhei com organizações internacionais, meio ambiente, investimentos, setor público e privado, nacional e internacional. Foi um período de ascensão profissional muito positivo.
Mas foi quando eu fiz 30 anos, que minhas prioridades começaram a mudar. Era hora de assumir a maternidade, e ter um outro nível de amadurecimento. Acho que muitas mulheres passam pela reflexão entre carreira e família, e eu não queria escolher. Queria os dois. E por isso, pivotei.
Eu pulei de cabeça para empreender numa área sem precedentes no setor privado. Resolvi que ia maximizar todo meu conhecimento e aprendizado em internacionalização e materializar num projeto de vida de longo prazo: a Sterna Boutique de Internacionalização.
Eu abri a Sterna em 2018, depois de 5 anos trabalhando no Consulado Britânico com internacionalização de empresas. Meu segundo filho tinha 6 meses e eu estava no meio do MBA. A transição de um trabalho fixo para empresária não é fácil, mas extremamente recompensadora.
A Sterna é fruto de uma reflexão pessoal e profissional muito grande. Como mulher, sentia que queria a flexibilidade de horário e a autonomia para definir meu ritmo de trabalho em função da família. Como profissional, tinha necessidade de seguir evoluindo e colaborando para a internacionalização do Brasil.
Pivotar de um trabalho fixo para empreender com 2 filhos menores de 3 anos e fazendo MBA foi uma grande conquista. Contei com muito apoio da minha família para que isso fosse possível.
Na semana da mulher, gostaria de aproveitar a oportunidade para deixar algumas lições aprendidas ao pivotar com 30 anos:
- É possível estudar com filhos. Se você sentir necessidade de especialização e quiser estudar, faça no seu ritmo. Pode demorar um pouco mais para que você conclua seus estudos, mas você vai conseguir.
- Não desista da sua carreira pela maternidade (se não quiser). Busque soluções flexíveis no mercado para que possa continuar crescendo como profissional, assim como mãe.
- Se for empreender, faça um planejamento financeiro conservador. Nem eu nem você previmos a pandemia, mas foi graças à um planejamento financeiro bem-feito que a Sterna vai passar pelo vale da morte das empresas (primeiros 3 anos) com honra e mérito!
- Esteja presente para seus filhos. A primeira infância é tão especial que vale a pena ser curtida.
- Não antecipe problemas, pois eles podem não acontecer. Esse pensamento já que economizou algumas gastrites. Quando você empreende, aprenda com a jornada, com planejamento e com o mínimo de ansiedade.
Ao pivotar com 30 anos encontrei um novo equilíbrio, com flexibilidade de jornada de trabalho, mais tempo com os filhos, e o desafio de criar um modelo de negócio novo, inexistente no mercado. Na Sterna, além de ter a liberdade poética de criar, encontrei minha vocação como internacionalista: aproximar o Brasil do Mundo.
Quero deixar mais uma lição que aprendi no pivô: maternidade e carreira podem ser conciliáveis. Se você ama o que faz e tem vocação, espero que encontre um caminho para seguir crescendo profissionalmente de forma flexível, pelo período que julgar importante para sua família e seus filhos.
Os meus trinta anos ainda estão em curso e depois de tanto pivotar, só tenho uma certeza: meu eixo, meu equilíbrio, é minha família e vem em primeiro lugar.
Sobre a carreira, fico muito feliz em poder ter a realização profissional que tenho, e fazer o que eu amo por vocação com flexibilidade. Continuo crescendo profissionalmente, com reconhecimento do mercado por minha especialidade e colaborando para que o Brasil seja, pela internacionalização, cada vez mais global.
#tevejonomundo
Raquel Kibrit
Bio: RAQUEL KIBRIT, CEO da Sterna Boutique de Internacionalização. Mãe de dois filhos, apaixonada por aproximar o Brasil do mundo. Fala 3 línguas e já viajou para mais de 30 países. Fundou a Sterna Boutique de Internacionalização para desenhar as estratégias de expansão internacional para empresas e organizações. Entre seus maiores clientes estão a Autoridade Portuária de Santos, Natura, XP Investimentos, Magnesita, Gympass e BRF. Formada em Relações Internacionais na FACAMP, com pós-graduação em Gestão de Negócios e Projetos na FIA e MBA no INSPER.
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